domingo, 22 de junho de 2014

Conversas Com a Besta

Ela veio ter comigo ainda há pouco para irmos dar uma volta...

Eu: Sabes o que dizem... Os gaos bons ou estão numa relação, ou são gays...
Bia: Yah. OU estão mortos...
Eu: Yah, alguns olho para eles e penso "este gajo é mesmo giro" e depois vejo e oops, está morto.
[Pausa]
Eu e Bia: [em uníssono] Tipo Paul Walker...
[Olhamos um para o outro assustados]
Eu: Jinx...?
Bia: Já não morremos hoje [risos]
Eu: Mesmo! É que até fizemos a mesma pausa, isto pareceu tirado de filme!
Bia: Exacto! E nem foi só o nome le, é que foi exatamente a mesma frase ao mesmo tempo...

A Minha Vida Em Gifs #9 (da Kristen Bell)

Quando ponho os meus sentimentos sempre atrás dos sentimentos de X, e X me trata como se eu fosse uma desilusão e idolatra Y, mesmo quando Y nunca se tenha importado com os sentimentos de X.


Desabafos...

Quando o Tumblr vai abaixo, acabo a vaguear no Facebook. Primeiro foi posts aleatórios a ver com nada em especial... Mas depois, como não tinha mais nada para fazer, decidi precorrer a minha lista de amigos. Alguns são meus amigos do facebook numa altura em que o Face é que estava a dar, e então toda a gente tinha, e era a forma mais in de se comunicar. E eu claro, fui colhendo amigos assim. 

Isto leva-me a duas coisas que reparei. Em primeiro... Há pessoal para quem a puberdade foi mesmo bondosa. Algumas pessoas que conheci que na altura eram muito novas, são agora quase adultos, ou adolescentes na altura em que se acham adultos. E esses são os mais estranhos de se ver. Mas outros... Bem, digamos que outros são mesmo pães.

Óbvio que não vou dar nome ao Xico ou ao Jacinto que me saltam à vista, mas há alguns que me fazem querer viver num mundo onde todos os rapazes gostam de rapazes. E a percorrer as fotos dessa gente, deparei-me com uma outra coisa...

Têm fotos em tudo o que é lado, por todo o país, com amigos e família, e eu olho-me ao espelho e penso... Caramba... Eu gostava de gostar de sair assim para todo o lado... Mas a verdade é que sou uma criatura de hábitos. Sítios novos deixam-me nervoso, e primeiro que me sinta comfortável a ir a algum lado, demora algum tempo... O meu facebook, não é mais do que uma colectânea de meia dúzia de fotos - uma cada vez pior que a outra - tiradas em festas de anos, sempre com a minha casa como cenário, ou então fotos com o Zé e a Bia, umas do ano em que fomos um par de vezes à piscina oceânica de Oeiras, e outras (que grane surpresa) no parque das nações....

Quando comparado com as outras páginas do Facebook, onde se vêem fotos em bares, clubes, estações de autocarro numa ponta oposta to país, algumas até no estrangeiro, outras em praias que nunca vi na vida, e na piscina do quintal de alguém rico, jápara não falar de alguns que até têm imagens de eventos desportivos a que assistiram ou em que participaram, a minha página do Facebook é... Deveras desinteressante...

Com isto, não quero dizer que o mural do meu facebook reflicta em muito a minha pessoa - ou pelo menos, espero bem que assim não seja... Mas eu sou realmente o primeiro a admitir que a minha vida é muito calma... Ou melhor, não é proporcionada com muitos momentos de viagem e descoberta.

E depois os meus pais queixam-se que eu não gosto de sair muito...

Honestamente, parte de mim culpa-os a eles. Não, a sério! Afinal de contas, a minha mãe sempre foi muito protectora, até em demasia. Nós não podiamos sair de casa sozinhos, tínhamos sempre que dizer para onde íamos, e ainda ssim tínhamos de garantir que estávams em casa antes de o sol se por. E com isto, nasceu uma das minhas frases: "Já está a escurecer, daqui a nada é noit, por isso émelhor ir andando para casa, senão os meus pais..." E assim, ainda jovem, em vez de me incutirem a vontade de explorar e viajar, os meus pais ensinaram-me a ter medo do desconhecido, a ter medo de sair de casa, a ter medo da noite... Medo talvez não seja a palavra mais adequada, mas estar fora de casa durante muito tempo, começou a ser por mim associado a castigos, e a coisas perigosas. O meu pai é um pouco mais liberal nesse aspecto, mas até ele impunha a regra do recolher obrigatório ao pôr do sol.

Hoje, eles queriam-se que eu e o meu irmão nunca queremos sair, nunca queremos ir a lado nenhum... A verdade, é que não há muito para onde nós possamos ir. Sozinhos não vamos, e eu, no meu caso, tenho um círculo de amigos que embora muito próximos, são poucos em qualidade. Outra coisa que não ajuda é a minha aparente ansiedade crónica. Eu não gosto de pedir coisas aos meus pais. Não se porquê, mas fico sempre tímido, paralisado, como se estivesse prestes a saltar da prancha mais alta da piscina de Oeiras - coisa que já fiz e adorei fazer, diga-se de passagem, mas que se a minha mãe sabe, passa-se completamente.

Outro factor é o facto de ter aprendido a ver os meus pais.... Ambos se matam a trabalhar para receber dinheiro e... Nada de férias ao estrangeiro. Nem sequer cá em Portugal, em sítios que não sejam a terra donde a minha mãe é natural. Eles não trabalham para viver, eles vivem para trabalhar. O meu pai durante imenso tempo teve dois empregos, a minha mãe apenas um mas sempre das nove às cinco, saindo de casa às sete da manhã, para chegar às sete da tarde a casa. Nunca sobrou muito tempo para sair, memo durante os fins de semana, depois de uma semana de trabalho exaustivo, os meus pais ficavam em casa, para conseguir recuperar energias...
E depois vejo gente... Pessoas que conseguem sempre tempo e espaço para fazer alguma coisa, para ir numa saída fora do país, ou para sítios do país passar férias memoráveis... E pergunto-me como?! Os meus pais estão sempre preocupados em conseguir equilibrar o dinheiro que entra em casa, mas... Com que objectivo? Sobreviver? De que é que isso vale se não se está a viver?

Acho que já é tarde demais para mim. Não ganhei o gosto por sair de casa em pequeno, e agora vejo-me mais confortável em estar sozinho e dentro de quatro paredes fechadas...

Talvez a minha página de Facebook desinteressante seja, afinal, um espelho do que sou...