sexta-feira, 13 de junho de 2014

Conversas com o Chris

Chris: Este ano o Pride calha no meu aniversário. Não num aniversário qualquer, mas no meu 18º aniversário.
Eu: OMG, isso é brutal! Vais à parada, certo?
Chris: Claro, nunca falho uma. Mas também vou sair, vou a um bar qualquer... Pride e o meu aniversário, é como se os Deuses Gays tivessem planeado isto!
Eu: [risos] Mesmo!

Sardinhada!

Com esta quadra popular, há sempre um arraial que é organizado no espaço em frente à Igreja da localidad onde moro. Da sardinha assada ao caldo verde, passando pelas rifas, e bancas de sobremesas, há de tudo, onde o espaço, apesar de não muito grande, é bem aproveitado. É um evento bastante concorrido e não é pouco comum encontrar por lá pessoas que conhecemos através de amigos, de vista, ou até mesmo da escola e com quem já não conversávamos há algum tempo. E essa é mesmo uma das razões pelas quais gosto de ir, mesmo que no final acabe a chegar a casa a cheirar a sardinhas. E bem que tenho saudades de comer uma boa sardinha assada. Gostava de dizer que como bom português que sou que a comia à mão, mas não. Já vem de família, até a minha tia é assim. Eu não gosto de comer com as mãos e agradeço aos santos por terem ajudado a inventar os talheres. Nem frango, nem sardinha, não como nada à mão, com uma única excepção: Pizza. No entanto, a tradição mundial de comer pizza com as mãos é oposta à tradição Italiana - a Pizza era um prato que inicalmente se comia sempre com talheres, e ainda o é em restaurantes especializados no país onde a pizza nasceu. Toda a gente comenta sempre que eu devia comer a sardinha com as mãos. Mas admiram-se sempre com a habilidade que tenho com os talheres de limpar sempre as espinhas muito bem. É o que os anos de prática dão...

Este ano, o arraial vai ser hoje, mas honestamente não tenho a certeza se vou. Costumo só ir quando o pessoal me convida. E estou à espera que me façam o convite. Provavelmente acontece como no ano passado, em que só me disseram para ir lá ter com eles depois de ter começado. Mas ui, os waffles e crepes que estavam lá a fazer? Deliciosos! E claro, como os meus pais são aigos da senhora que os estava a fazer, trouxeram os crepes e waffles que se fizeram com a massa que sobrou, o que nos proporcionou a todos com uma deliciosa ceia.

Casino Estoril

Já perto das 11 da noite, o Zé e a V. convidaram-me par air dar uma volta. Acabaram por me levar ao Casino Estoril. Foi a primeira vez que entrei num casino, e senti-me, nas palavras do Zé, "como num filme do James Bond". À porta estão estacionados numerosos carros de luxo de aspecto brilhante e novo, as luzes do Casino iluminam a entrada em tons de vermelho e dourado, cores que fazem lembrar riqueza e glamour. A entrada ampla proporciona um novo espectacúlo deluzes, e a atmosfera envolve-nos com os sons distantes de vozes murmuradas e das máquinas soltando sons de alegria com as vitórias e ton graves e tristes cada vez que um jogador perde a sua aposta. 

Assim que entrámos, o Zé guiou-me até um espositor com jóias que valiam mais que o meu peso em ouro. Depois demosuma volta para observar as máquinas, e comecei a sentir-me mesmo dentro deum filme. Finalmente, fomos para o segundo andar, onde o Zé trocou uma nota de 20€, e começou a jogar Roleta, apostando com apenas cinco euros. Ainda chegou a conseguir ter 12 euros de saldo, mas acabou por perder tudo, e eventualmente saímos de lá quando ele recuperou os 5 euros com que iniciou o jogo. Eu, não tendo dinheiro, limitei-me a observar o que me rodeava.

O pessoal que trabalha o casino, veste-se impecavelmente, e fez-me sentir que a minha roupa não era muito adequada - apesar de, diga-se de passagem, eu estava muito mais bem vestido do que umas quantas personagens com que nos cruzámos.

Claro, não me limitei a ver o jogo, também observei as vistas. E oh, que boas vistas tive eu. Houve um rapaz em especial que me chamou a atenção. Ligeiramente mais alto que eu, bem formado, com um cardigan azul escuro, t-shirt branca, calças de ganga justas e All-Stars,  ele fazia mesmo o meu estilo, e era bem giro. Vinha com uma rapariga atrelada, o que me fez suspeitar que era mesmo só bom para observar e não para tocar. Mas quando decidimos ir embora, cruzámo-nos com ele novamente (e não teria sido nem a segunda nem terceira vez que me cruzei com ele no Casino). Senti-me corajoso e por isso olhou para ele, na esperança que os nossos olhares se cruzassem. Foi exatemente isso que aconteceu. Eu estava à espera que ele deviasse o olhar, mas não o fez, pelo menos não durante alguns segundos. Olhou-me nos olho e, após uma pausa, desviou os olhos para baixo - na direção do meu corpo, e aí eu desviei o meu olhar. 

Sou do tipo de tentar olhar discretamente sem ser descoberto. Mas às vezes acontecem-me destas coisas... Esta situação, embora tenha ocorrido num curto espaço de tempo, deixou-me curioso para saber mais sobre o rapaz. Até nem é mau de todo eu não o conecer e não saber nada acerca dele - é das formas que posso inventar uma história de vida para ele que seja interessante. Será que a rapariga com quem estava era namorada, ou amiga, ou irmã? E se ela fosse namorada, será que ele era hetero, ou bi, ou gay a tentar esconcer a sua própria sexualidade? Será que quando me olhou de alto abaixo, tinha intenções de parecer agressivo, ou simplesmente  demonstrar que estava a gostar do que viu? Será que sentiu o meu olhar como uma ameaça, ou como um convite?

Nunca se saberá... As apostas estão em aberto, mas este de inventar a história de desconhecidos é um jogo que nunca acaba.